o ônibus rodava
o suor coletivo machucava o ar
a paisagem monótona desfilava pela janela impassível
postes, cercas, montes
um bovino feito estátua
um casebre abandonado no centro de uma pintura naif
campo, pedras, árvores solitárias e
ausências...
os olhos do viajante
perambulavam pra lá e pra cá
nada em particular retinha suas retinas
mas no fundo da alma o perseguia a pergunta:
- de que conto saiu esse filme sem ação
e onde anda a cidade mais próxima
haverá ali algo que surpreenda meus olhos?
desanimado
mirou o céu azul salpicado de nuvens
o sol ardia
tudo era comum
familiar
ainda não era tarde
mas o longe parecia mais distante
e não havia hora para chegar
porque qualquer lugar seria o lugar
igual a todos que conhecia
era apenas uma viagem de recreio
melhor dormir e talvez sonhar.

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