sábado, 23 de novembro de 2019

A vagaba, o biltre e a fuzarca


Um casal, Fernando Botero, 1982



No Condomínio Bafafá, era uma vez, um carcamano das cavernas inventou de juntar armas com uma baranga e suas muitas horas de voo.
Com um crowdfunding realizado na igrejinha que os uniu, foram tirar proveito da lua de mel na Casa de Noca.
Feliz da vida, a pechenga enlouqueceu (no bom sentido) com a volta da tão acalentada dita dura.
O conúbio ia bem, com os dois concordando em jogar os podres para debaixo do tapete.
Porém, com o passar do tempo, a pulga foi ficando cada vez mais inquieta detrás da orelha da bruaca.
A conclusão inevitável era de que estava sendo passada pra trás, deixada de lado, esquecida num canto… essas coisas…
E decidiu vigiar as saídas à direita do estrupício com o qual dividia o sabonete.
E não é que a vagaba descobriu que o biltre gostava de uma fuzarca.
Até mantinha um quitinete, o bilontra, devidamente arrumada, para abater gente nas horas vagas.
A jabiraca não aguentou: montou guarda, grampeou telefones, instalou câmeras…
Ao fim e ao cabo, viu com seus próprios olhos que entrava de um tudo naquele antro de fodelança.
Uma hora era uma recatada, outra era uma do lar; teve a vez de uma limpinha, cheirosinha… e pintou até um halterofilista – miliciano chefe do tráfico de pornografia local.
Com um dossiê completo nas mãos, a mocreia resolveu enfiar aquele calhamaço nas fuças do traste.
Para que?! Nem bem articulou um dramático why?, sentiu suas amígdalas voarem na direção do olho da rua.
Decidida a buscar reparação, deu entrada no quartel mais próximo e registrou queixa crime de maus tratos afetuoso.
Conseguiu, com ajuda de alguns pariceiros, a formação de uma cúpula jurídico-midiática-militar para estudar o caso.
Após mútuas e demoradas consultas, acabaram por decidir pelo arquivamento do processo sob tutela do princípio de que “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”.
Publicado o acórdão em três vias, a coisa medonha levou pra casa a recomendação de que deveria pensar melhor, buscar meios mais civilizados de reparação.
Mas, como já não havia mais meios civilizados, cogitou derramar água quente no ouvido do bandalho nefando e escroto.
Salvou-os um fariseu farmacopola, dublê de impostor trambiqueiro, que os fez pronunciar em voz alta, a gosto, todo dia, um novo, sonoro e tonitruante palavrão, insulto ou ofensa daquelas bem gratuitas.
E assim, viveram infelizes para sempre, para desespero dos vizinhos.



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