A Time for Fear, Jimmy Ernst, 1949
Tinha
achado na rede social uma foto da letra B, em verde e amarelo (de tal
modo a lembrar o número 13), mandei imediatamente para uma prima lá nas extremas. Alguns minutos depois, teclei:
– Gostou
da propaganda subliminar?
– Você
hein? Tá vendo coisas moço..... é um B maiúsculo do tamanho de um
gigante.
– É
que a letra B forma o número 13… não reparaste, olhe direito.
– Meu
primo, com todo respeito, vermelho no centro do verde e amarelo não
combina, concorda?
– Tá
bom… que o 13 continue sendo o vosso pior pesadelo… bom domingo…
ah, quando, eventualmente – tua fé te proteja – precisares de
uma transfusão de sangue, exija sangue amarelo, combinado?
– Moço
de Deus, apelar não vale.
– Apelando,
eu? Vocês querem transformar o país numa pátria de canalhas,
oportunistas, misóginos, racistas, homofóbicos e torturadores
confessos e tem o desplante de dizer que apelo? Que o futuro tenha
piedade de nós. Diga-me uma coisa, prima: num futuro governo desse
sujeito, por minha consciência, serei considerado alguém passível
de perseguição, tortura, desaparecimento e até morte… pergunto:
você me defenderá?
– Ah,
primo, suposição não vale…
– Vai
vendo, prima… vai vendo… depois não diga que não foste avisada…
é bom ir se preparando para o pior… ganhando ou perdendo, teu
candidato ficará como uma nuvem radioativa pairando sobre nossas
cabeças a assombrar o futuro.
– Só
Deus para nos salvar… o que eu escuto é que: só os fora da lei
estão apavorados… na questão política, não entendo nada, sou
uma verdadeira alienada. A única coisa que vejo é que estamos
vivendo num mar de lama e que alguém tem que por ordem nessa
baderna. Seja quem for, assim é que não pode permanecer.
– Beleza,
prima… continue sem entender
nada, faz bem à vista.
E obrigado por me considerar um
fora da lei, isto me deixa
muito mas muito apavorado
mesmo. Ah, espero que mantenhas tua coerência e não votes no
candidato a governador do teu estado, eleito por três vezes e muito
bem avaliado nacionalmente. Ele é 13, sabia? E tem o
desplante de manter um programa
vagabundo chamado Samu Aéreo que, semana passada, teve a ousadia de
ir até a cidade dos nossos avós buscar a (…)
para realizar um cateterismo na capital. Tens toda razão, precisamos
livrar o Brasil dessa baderna.
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