sábado, 3 de agosto de 2019

Relembrando diálogo teclado no dia da eleição


A Time for Fear, Jimmy Ernst, 1949



Tinha achado na rede social uma foto da letra B, em verde e amarelo (de tal modo a lembrar o número 13), mandei imediatamente para uma prima lá nas extremas. Alguns minutos depois, teclei:
– Gostou da propaganda subliminar?
– Você hein? Tá vendo coisas moço..... é um B maiúsculo do tamanho de um gigante.
– É que a letra B forma o número 13… não reparaste, olhe direito.
– Meu primo, com todo respeito, vermelho no centro do verde e amarelo não combina, concorda?
– Tá bom… que o 13 continue sendo o vosso pior pesadelo… bom domingo… ah, quando, eventualmente – tua fé te proteja – precisares de uma transfusão de sangue, exija sangue amarelo, combinado?
– Moço de Deus, apelar não vale.
– Apelando, eu? Vocês querem transformar o país numa pátria de canalhas, oportunistas, misóginos, racistas, homofóbicos e torturadores confessos e tem o desplante de dizer que apelo? Que o futuro tenha piedade de nós. Diga-me uma coisa, prima: num futuro governo desse sujeito, por minha consciência, serei considerado alguém passível de perseguição, tortura, desaparecimento e até morte… pergunto: você me defenderá?
– Ah, primo, suposição não vale…
– Vai vendo, prima… vai vendo… depois não diga que não foste avisada… é bom ir se preparando para o pior… ganhando ou perdendo, teu candidato ficará como uma nuvem radioativa pairando sobre nossas cabeças a assombrar o futuro.
– Só Deus para nos salvar… o que eu escuto é que: só os fora da lei estão apavorados… na questão política, não entendo nada, sou uma verdadeira alienada. A única coisa que vejo é que estamos vivendo num mar de lama e que alguém tem que por ordem nessa baderna. Seja quem for, assim é que não pode permanecer.
– Beleza, prima… continue sem entender nada, faz bem à vista. E obrigado por me considerar um fora da lei, isto me deixa muito mas muito apavorado mesmo. Ah, espero que mantenhas tua coerência e não votes no candidato a governador do teu estado, eleito por três vezes e muito bem avaliado nacionalmente. Ele é 13, sabia? E tem o desplante de manter um programa vagabundo chamado Samu Aéreo que, semana passada, teve a ousadia de ir até a cidade dos nossos avós buscar a (…) para realizar um cateterismo na capital. Tens toda razão, precisamos livrar o Brasil dessa baderna.



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