sábado, 13 de julho de 2019

O Aleph de Matías


Ilustração de Diego Alterleib 
para o livro O Segredo de Borges




Um dia alguém lê que certa feita um garoto ouve de um velho escritor o segredo para se viver tanto.
Conta o menino, agora homem feito, em livro, muitos anos depois, que a tarde caía sobre o mestre enquanto ele improvisava:
Eu costumava beber água numa fonte onde viviam tartarugas. Depois de algum tempo percebi que a água que eu tomava quando era criança na fonte onde viviam as tartarugas não era água, era água de tartaruga. E como as tartarugas vivem muito, vivo muito desde então”.
E conta mais, conta que, na hora que a estrela das letras argentinas inventa a história “olha para cima mas não vê que a cortina atrás da poltrona verde é muito branca e muito bonita por causa da luz do sol”.
De tanto revisitar a história, Matías Alinovi descobre que havia sido enfeitiçado aos nove anos, naquele momento mesmo em que Jorge Luis Borges, aquele que para ele, antes daquela tarde, no ano de 1981, cinco anos antes de morrer, era um completo vazio de significado. 




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