sábado, 20 de julho de 2019

Estado Policial S.A. - Um paraíso liberal


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A democracia é um regime de equilíbrio delicado. Em meio a tiranos esclarecidos, bandidos inteligentes, democratas frouxos e estúpidos de todas as cores, vicejam os manjados liberais: aqueles que jamais se arriscam em mudanças (a não ser que vejam polpudas vantagens em seus horizontes) e por isso são chamados de abomináveis. Foi da boca de um deles que saiu a frase: em bolso que está ganhando não se mexe.
Vez por outra, surgem abalos no tecido frágil da democracia. E dado que nós, brasileiros, temos pouca experiência nesta área, além de uma prática de baixíssima qualidade, tudo indica que caminhamos novamente em direção de uma singularidade.
E desta vez, o horizonte nos aponta uma inusitada distopia: um estado policial governado por… banqueiros – os sujeitos mais liberais do mundo, coadjuvados por gorilas de todos os tamanhos e coturno além de uma malta de badboysaqueles tais que sempre surgem das sombras do fundo da sala com a salvadora promessa de dar um “corretivo” na vadia da democracia.
E aí me vem à lembrança o filme Robocop – O policial do futuro. Sobretudo, salta da memória o fato de, naquela ficção, o serviço de segurança opera entregue à iniciativa privada.
Assalta-me então a perspectiva de termos Forças Armadas (Exército, Marinha, Aeronáutica) e mesmo Serviços de Inteligência e Contra-Inteligência do Estado, geridos por executivos oriundos das melhores business school do planeta… sentiram o drama?
Um estado policial urgido pelo deus-mercado. Com ações na bolsa e sujeito às flutuações monetárias. O estado dos sonhos de todos os liberais do planeta. Um mundo onde até a repressão, prisão, tortura e morte transforma-se em negócio lucrativo controlado pelo Banco Central e respaldado pela doutrina da prosperidade contida nas pregações dos melhores e mais ricos televangelistas da paróquia.
E não haverá remorso (exceção à perda de capital) porque, num mundo assim, sem choro nem vela, tudo estará escancarado, não haverá pudor e deus é conosco. Ninguém terá vergonha de investir suas economias nas melhores e mais competentes tiranias e ditaduras existentes pelo mundo afora, desde que elas façam crescer o nosso patrimônio.
Afinal, do Estado não se espera mais nada. Mesmo porque prescindirá de cidadãos para legitimá-lo, agora que teremos apenas acionistas, investidores e dizimistas à cata de uma razoável taxa de retorno.



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