sábado, 8 de julho de 2017

Cornucópia


Paz, Arte e Abundância
Hans von Aachen, 1602



Não teço discursos, tampouco sei me perder
Nos labirintos do desejo
Sou bem mais prosaico do que as palavras
Gostariam de ver desenhado numa folha de papel

A pressa que tive em chegar
Deixou-me esquecido de voltar
E os efeitos que encontro naquilo que escrevo
Assemelham a pirilampos
Nascidos de obscuros arabescos
Desinteressados
Dos excessos estilísticos da linguagem.

Por isso quando ando por aí,
Sigo despido de estorvos
Incômodos pensamentos
Sólidas vontades
(Escaras que dificultam a livre circulação)
Enquanto aprecio hidratar, sem veleidade,
Ideias bonitas e cheirosas

E graças à necessidade de fazer sentido
Descobri que é genuíno sentir compaixão
E não me envergonho de imaginar
Que a lua é um portal para outras realidades
Muito mais belas e sensíveis que essa,
Em que sou assim tão particularmente passional

Ah, o gosto quântico de estar e não...
Não me impeça criar raízes
E que eu jamais esqueça a dinâmica das nuvens
Que me aguardam frutificado de todos os frutos
Que diariamente aprendo a cultivar. 


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