sábado, 15 de abril de 2017

Ecos da Tarde


Memory, Rene Magritte, 1948





Rasga-mortalha piou
Sobre o telhado lá de casa
Vem meu velho, avie:
Um instante, mensageiro
Inda não cabei de lustrar a minha história


E tu, filho, cuida
Dessa medida de vida…
Dia haverá em que apenas
Lembranças te terão.


Fiques de olho
Nas lacunas, nas pontas soltas e,
Principalmente,
Naquele desconhecido
Que não conheceste
E que jamais saberás.


Afinal, se algum consolo encontrares
Nos teus artifícios – essas invenções – verás que
A memória, esse tecido que se esgarça, clama
Não permites reste órfãos teus pensamentos
Esse vazio, eco inconsolável de um choro


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