sábado, 19 de março de 2016

Engenho Novo

The New Arrival, Desmond Morris, 1960



Sou o que faço de mim
E pago o preço desta ousadia




Sou o suplício, a mão possessa, a cicatriz…
Apresado, arrastado, trocado por miçangas
Dei vida a esta máquina de moer gente.


Diante de mim, escancarada
A boca refrigério da fornalha


Mestiço, trago inteiro 
Tantos sertões, meios-irmãos espalhados
A vicejarem braços e tostões


Emprenhei o mundo de caboclos e mulatos
E nesta vastidão de parentes, me arrebata uma dúvida:
- Se não tenho passado e me acumulam rejeições
Quem sou deveras, neste universo de vícios e contrastes?


Meu nome é Brasil
O camarada mais desconfiado do mundo,
Que só pode ser aquilo que não existe 






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