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Além
dos fantasmas que nós mesmos criamos, por ignorância, carência ou
insegurança, alimentamos alguns que nos foram importados. Destes,
muitos foram destruídos, substituídos ou mesmo adaptados. Porém,
existem alguns que teimam em permanecer no nosso imaginário,
obedientes à velha maldição, resistentes a toda e qualquer
mudança, resistentes até mesmo ao nosso cordial e conciliador
sincretismo.
Temos
visto manifestações de uma turba copiosa de despropósitos, plena
de ressentimentos, espumante de ódio, abundante de desinteligências,
se batendo na defesa de tempo pretérito retrógrado, sanguinário,
contraditório e incompatível com os sonhos factíveis da imensa
maioria da população brasileira. O mantra que entoam com garbo e
empenho diz tão somente que o progresso tem dono e que a ordem só
vale para o outro. Pisoteiam nossa perspectiva de emprego decente,
transporte porreta e desafogado, casa, educação e saúde universal
de qualidade, viajar de avião, poder comprar besteiras e porcarias
nas festas comemorativas e participar das novidades tecnológicas. Em
decorrência, abominam um projeto de governo que consiga controlar a
ganância, a usura, o individualismo voluntarista e os imprevistos,
truques e blefes do mercado financeiro – esse cassino de
chacrinhas.
Mas,
infelizmente, a China não é aqui.
Vemos
que a gigantesca e nefasta influência de uma meia dúzia que detém
o capital da informação, seculares arrendatários do nosso chão e
das nossas almas para a rapinagem multinacional, adoradores de
dividendos, tem nos incutido a ideia de que a melhor posição é de
joelhos. Só assim esta aristocracia de araque pode continuar
encastelada em ilhas luxuriantes, usufrutuária de reservas
ecológicas, direcionada a manter status conseguido em tempos
sombrios, manipuladora da história em proveito próprio, justificada
na presunção de que apenas a tal meritocracia é capaz de promover
o progresso mesmo a realidade nos mostrando que o tão incensado
mérito, 99% decorre de herança, fruto de conluio escabroso,
falsificação, roubo, furto, sonegação e fraude.
Sob
a asquerosa baba destilada dos lábios lustrosos de seus feitores
fiéis, assumidos propagandistas de um projeto contrário a
emancipação do ser humano, fomos colocados diante de um impasse: Ou
aceitamos o projeto imperial colonialista, ou seremos bombardeados,
sem trégua, pela distorção da realidade, pelo poder de forjar
culpas, fomentar baixa autoestima e conjurar ódio para dentro dos
nossos corações. E isto de comum acordo com corporações de
deslumbrados funcionários públicos que operam o esfacelamento do
Estado em nome de uma autonomia para fazer o que bem entenderem, com
todas as armas do mundo, sem ter que dar satisfação a seu ninguém.
Então,
qual a voz que nos há de falar e que nos dará força e sentido ao
bom senso? Certamente não aquela que, canastrona, evoca a Lenda
do Cavaleiro Sem Cabeça, o
fantasma que insiste em disseminar trevas no nosso cotidiano.
Este monstro acéfalo, de bafo pestilento vaporando do seu
ex-pescoço, tem assombrado nossas ruas, nossos ambientes de
trabalho, nossas reuniões familiares; espalhado dissidia,
desconfiança e medo; louvando um futuro carcomido e de funestos
hábitos… Tudo na mais genuína civilidade, sem que algum
palavrão seja proferido. Afinal, no universo dos acéfalos,
proclamar, diante do mundo, que uma mulher, mãe e avó, eleita
democraticamente, vá tomar naquele lugar
é perfeita e
legalmente admissível mas,
ai de quem,
neste processo,
devolver
um sonoro, familiar e
arretado porra.
Em
face ao exposto, não vejo alternativa senão na formação de uma
liga de bruxos, feiticeiros e magos de todos as cores, sexo e credo,
capazes de encetarem uma jornada em busca da cabeça deste
horripilante personagem. Grita a profecia que somente quando a cabeça
for unida ao corpo e cumpridos os devidos rituais de sepultamento em
cova profunda, nós, o povo, encontraremos a serenidade necessária
para a labuta diária. Se esta monstruosa criatura permanecer
insepulta, continuaremos a assistir mais e mais estripulias,
enredados em novelas dedicadas a nos emparedar e impedir que se
cumpra a função precípua do terror, qual seja, disciplinar as
malcriadas criancinhas.
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