Left Hand With Index Finger, Vasily Polenov, 1885
Queria esquecer de mim
Por um momento que fosse.
Lembrar de não despertar
Esse inflexível que me
atormenta.
Sujeito implacável, esse
senhor:
Crudelíssimo em suas
criticas.
Parece não viver em mim,
o atroz.
Talvez se esquecesse de
mim
A história do meu
fracasso fosse risível,
Uma comédia sem qualquer
pretensão
Ao invés do dramalhão
mexicano
Em que o egotista que me
atrapalha
Produz, dirige e encarna
o vilão que se diz gente boa.
Daria meus dedos por
outro que não este que me vigia
Em meio as sombras da
minha insalubre intimidade
A me espreitar por detrás
de esconsa e lascívia flor na boca
Entregaria minhas piores e
melhores partes
Para me ver livre do seu
indicador e da sua onipresente ferida.
Mas esse mestre da
dissimulação
Quando sente que já me
esculhambou o bastante,
Lamenta, escorre e busca,
numa eloquente lágrima
Os meus olhos por
costume, que no fundo são os seus,
Revisitar os fantasmas
dos meus brinquedos quebrados,
As minhas inconsequentes
imprecisões e as infinitas palavras de vingança
Que murmurarei atrás da
porta absorvido em nosso espelho sem face
Alheio ao fato de que meu
guia sempre desaparece quando mais preciso dele.
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