Maio 68, Paris
“Não
sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí”.
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí”.
Cântico
Negro,
José Régio
Para onde vamos?
Meus pés perguntam.
Minha cabeça ausente
Observa amorfa
Os gestos
descontrolados
Dos meus membros gastos
Cadê meu rumo?
Apontam meus dedos
tortos
Acabai com tudo
Bradam meus ouvidos
moucos
Tomai tento
Gritam-me as vísceras
Em horas de servidão
A este corpo dúbio
Com sua alma esperta
Meio sina ó quanto
incerta
E minha língua,
Cansada de murmúrios,
Ao solfejar este grito
retumbante
Faz-se ouvir: é a
política, cara!
Num pesadelo hedonista
Vejo um índio descer de
uma estrela
E não sendo possível
acabar com o outro
Que me anula pelo
espelho
Faço do meu gesto
história
Atravesso a parede e
vou pra rua curtir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário