sábado, 22 de junho de 2013

Tributo aos 17



Maio 68, Paris



Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí
”.

Cântico Negro,
José Régio

Para onde vamos?
Meus pés perguntam.

Minha cabeça ausente
Observa amorfa
Os gestos descontrolados
Dos meus membros gastos

Cadê meu rumo?
Apontam meus dedos tortos

Acabai com tudo
Bradam meus ouvidos moucos

Tomai tento
Gritam-me as vísceras
Em horas de servidão
A este corpo dúbio
Com sua alma esperta
Meio sina ó quanto incerta

E minha língua,
Cansada de murmúrios,
Ao solfejar este grito retumbante
Faz-se ouvir: é a política, cara!

Num pesadelo hedonista
Vejo um índio descer de uma estrela
E não sendo possível acabar com o outro
Que me anula pelo espelho
Faço do meu gesto história
Atravesso a parede e vou pra rua curtir.


Nenhum comentário:

Postar um comentário