sábado, 25 de maio de 2013

Lendas Urbanas - 4. A Sonda



O Paranoico, cartoon do Camaleão, 2000



Junho, 24:
Sinto que estou sendo observado. Quem se interessaria por minhas esquisitices?

Agosto, 30:
Manhã: O telefone toca, alguém respira e desliga. Tarde: Agora foi a campainha – quando olhei pelo olho mágico, nada, ninguém. Noite: Juro que deixei o pacote de leite na prateleira de cima da geladeira e o encontro aonde? - Na grade superior da porta. Muito estranho.

Dezembro, 31:
Fotografei todo o apartamento, comodo por comodo, detalhe por detalhe. Quando voltar confiro tudo.

Fevereiro, 2:
Janice não quer mais falar comigo. Astrologia pode? Gozado, ela.

Abril, 18:
Como foi possível meu chefe saber do meu protesto se sussurrei aquele pensamento pro espelho do banheiro da área de serviço? Aqui tem coisa.

Maio, 30:
Acredite se quiser, o que anda acontecendo comigo está além da imaginação.

Julho, 21:
Janice disse que devo procurar ajuda. Não dá pra confiar em ninguém.

Outubro, 12:
Tudo bem, vou dar um tempo. Agora não é hora de pensar num novo emprego. Posso viver com a indenização uns seis meses.

Novembro, 15:
Aquele carinha não me é estranho. Donde será que o conheço? É possível que esteja me seguindo. Muita coincidência. Se ele aparecer na padaria amanhã , vou encarar.

Janeiro, 25:
Heleno (nome de guerra, claro) é franzino e cegueta. Foi logo dizendo que eu preciso ver as provas guardadas a sete chaves no porão da velha fábrica abandonada onde, nos últimos cinco anos, vive escondido de tudo e de todos. A conferir.

Março, 29:
Como nunca percebi?... Bem aqui, diante dos meus olhos... sempre ao alcance da minha mão... desde quando?

Abril, 17:
Realmente, como disse Carl Sagan um ano antes de morrer: “Não pensar na possibilidade de que exista vida lá fora, é um absurdo”.

Maio, 1:
Devemos resistir ou, em breve, seremos transformados em autômatos a serviços de propósitos escusos.

Agosto, 13:
Heleno finalmente mostrou-me os documentos secretos. Sim, a NASA sabe de tudo.

Novembro, 2:
Fato inegável: fomos invadidos. Sondas extraterrestres passeiam por aí.

Dezembro, 25:
As provas são contundentes. Planejamos invadir o complexo. Temos que desativar a produção.

Abril, 21:
Conseguimos chegar até a central de controle. Fomos surpreendidos por guardas de cabeças redondas e negras. Heleno foi morto. Malditos.

Outubro, 31:
Vou cair na clandestinidade. A você que, porventura, leia este diário lanço a pergunta que levou-me a esta inacreditável aventura: porque as esferográficas BIC sempre aparecem em diferentes lugares e nunca nos questionamos se realmente as havíamos deixado onde as encontramos? Fique esperto. Ao se deparar com estas canetas, principalmente com a super perigosa BIC Verde, todo cuidado é pouco. Nunca deixa-a presa à sua orelha. Além de enviar dados para o espaço, consegue influenciar de modo drástico seu modo de pensar. Não se renda à manipulação marciana. Lembre-se: a Terra nos pertence. Vida longa e próspera enquanto a luta continua.  


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