sábado, 18 de janeiro de 2020

regresso


Penelope, David Ligare, 1980



chega da angustia que me assola
esse desgosto que trago
ardendo vadio
perdido no peito
embaraço e estrada…

tantos tropeços
idas e vindas
e nesse enredo tecido no ódio
quero ser ninguém
e resistir
na (re)lembrada astúcia
no ansiado (re)encontro
em tudo que há para recuperar
e (re)fazer melhor e prosseguir...

a casa existe
para voltar?
é pra ela que devo ir

a ilha permanece
no seu lugar?
é pra lá que devo seguir

o amor restou
para amar?
é por ele que devo persistir
antes que esqueça de contar
a história futura
de tudo que há para lembrar…

chega de angustia:
limpo a garganta e regresso
ao canto
essa esperança
onde serão (re)conhecidas
todas as cicatrizes que pulsam
sumidas
na minha pele cansada



Nenhum comentário:

Postar um comentário