sábado, 6 de outubro de 2018

Fábula Estúpida


Personagens do Mamulengo Presepada, Brasília-DF



No Reino do Bafafá, era uma vez, um capetão da cavernas (também conhecido como o inominável) que um belo dia, na padaria da esquina, onde toda tarde tomava um sisudo cafezinho, encontrou uma viúva (conhecida na vizinhança como a baranga histérica) e logo deram de trocar umas ideias. Conversa vai, conversa vem, decidiram (para espanto geral) que era hora de juntarem armas.
Feitos os acordos, emendaram os fios dos bigodes e após tomarem posse da vaquinha arrecadada pela seita que os uniu, foram passar a lua de mel na Casa de Noca - reduto de uma massa destra e bastante fashion, a crème de la crème de uma seleta brava gente de patrióticos e brancos corações.
Quando chegou a hora do onça beber água, quer dizer, na hora de botar a rotina pra funcionar, ela, dona de uma rede de mercadinhos, louca de pedra pelo retorno da dita-dura (que a tempos não curtia) começou a perceber que dois e dois não resultavam quatro e tratou de botar olheiros para monitorar as escapadelas do varão.
E não é que o belo saía para se encontrar ora com uma loira recatada e do lar, ora com uma ruiva limpinha e cheirosa… e houve vezes até que foi filmado, gravado e fotografado dentro de uma quitinete (devidamente preparada para abater incautos de qualquer sexo) com um halterofilista desempregado conhecidíssimo na baixada pela alcunha de prepúcio glande.
A bocca chiusa comenta-se que, o musculoso levantador de pesos mortos, após acalentar a baioneta, por várias e repetidas vezes, diante de um público ávido por emoções baratas, conseguira do capetão (agora presidente da cadeia varejista de secos e molhados da mulher) uma boquinha como gerente de marketing encarregado de criar frases de efeitos para serem esculpidas em letras de fogo logo acima das tabelas de preços.
Na hora, sem pensar, o bruto e serelepe prepúcio cuspiu algo que vivia guardado a sete chaves em seu caderno de notas com jeitão de diário: “Literatura, Filosofia, Sociologia e Arte são ótimas para libertar a mente mas quem precisa de liberdade se a boa e velha Sacanagem nos mantém com os pés no chão”.
Encantado com a perspicácia e charme do seu tonitruante auxiliar o capetão se riu tanto que estourou-lhe as pregas. Estimulado, prepúcio aproveitou a oportunidade para tecer elogio ao seu tripé macroeconômico, declarando-se pronto para desenvolver, para gáudio da indústria nacional, uma potente e monumentosa produtora de filmes educativos sexualmente, totalmente customizados e ao gosto do cliente.
Fula da vida (porque puta ela não podia ficar, sob pena de pisotear seus próprios princípios) a baranga histérica, que tudo vira e ouvira, sem pestanejar, em sua tela de plasma e agora, absoluta e definitivamente recalcada, vendo que seus encantos de fêmea de nada lhe valiam, resolveu enfiar o dedo nas fuças do marido, chamando-o, na cara dura de, nada mais nada menos, um tremendo viado boiola e baitola desmunhecado da silva, logo que ele lhe pedisse para servir o jantar. Vixe, praquê! Suas amídalas foram parar do outro lado do Atlântico, vítimas de um cirúrgico pescoção nos cornos.
Decidida a buscar justissa a qualquer preço, deu uma chegada no quartel mais próximo de casa e registrou queixa, em nome da moral e dos bons costumes. Porém, a cúpula judiciária-midiática-militar, sorteada para julgar o caso, baseada da teoria da dependência, decidiu pela nulidade do processo sob a alegação de que o principio “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”, supera todas as disposições em contrário.
A baranga histérica ainda cogitou buscar outros meios de reparação mas, como haviam sido revogados todos os outros meios, engendrou derramar água quente no ouvido do cônjuge. E foi assim que viveram infelizes para sempre.
Moral da história: em terra dos tais homens de bem, ninguém vale um vintém.



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