sábado, 28 de outubro de 2017

delírio matinal 4º dia

Mi papá no es un zapato azul, Julio Galan, 1989



ontem foi dia de eclipse
no hemisfério norte
por aqui
o sol
não dá as caras
faz tempo


afta balbúrdia palavra áspera negação…


parece capricho
sentir-se assim
nublado
diante de um bom-dia
verdadeiramente
entusiasmado

por isso escreverei amanhã que não
que não sou bom nem mau
que pela natureza sou apenas um
e pensarei de verdade
no tempo inocente
da minha mocidade

é que as coisas 
hoje
me vêm assim
aos pedaços

quebra-cabeça 
história sem fim 
labirinto
e esse além mar
onde nada é tão completo
quanto essa incompletude

e à medida que esqueço
não desejo mais
fazer sentido

e se deixo o verso em suspensão
é para que nos anime 
e jamais assuste
a confortável gravidade




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