sábado, 28 de maio de 2016

A Besta


The Devil and Eve, Felicien Rops, 1860




Primeiro,
Promete-lhe o Céu e a Terra.
Depois, amor sem fim.

E para coroar sussurra:
– Serás a Mãe do Futuro,
A origem de onde surgirá
Uma linhagem nova
Disposta a te exaltar
Por todos os séculos
Até os confins da Eternidade.

Ela olha no fundo daqueles olhos rasos
E, prontamente, responde: - Não, obrigada.

Mimado, toma-a pelos ombros,
Rasga-lhe as vestes, esmurra-lhe a alma
E ofendido profana a Terra, uma, duas… trinta vezes
Não pelo desejo mas pela atrevida ousadia.

Satisfeito, cospe seu nojo serpente
Diante da audiência que aplaude
O dogma que lhe nasce no ventre
A urrar seu nome de besta: puta, vadia!  




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