sábado, 7 de junho de 2014

Ao gringo que me cabe



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Bem, aí está você…
Por favor, não repare na bagunça,
É que nós estamos em obras.
Pois é… Seja bem-vindo…
Um instante: o momento pede um toque:
A nossa capital é Brasília, viu?
E nós, os brasileiros, falamos o português.
Juntamos a última flor do Lácio com o Iorubá e o Tupi e ficamos assim:
Arroz com feijão, goiabada com queijo,
Camarão na moranga, farofa com caviar…
Tem gente que diz que isto é a causa do nosso atraso, da nossa indigência…
Quer saber minha opinião?
Penso que o problema desses é saúde fraca, paladar recalcado.
No fundo, perderam o gosto de viver 
Por conta do miserável complexo de inferioridade:
Cresceram na crença de que só era bom aquilo que importavam.
Cada qual com o seu mal, não é assim?
Do meu canto, penso que não é nada fácil encarar uma feijoada,
Um pirão de peixe, um sarapatel, um sururu no capote,
Uma moqueca com bastante óleo de coco ou dendê…
Mas não subestime:
A mistura brasileira é a mais bonita das experiências humanas.
E quer saber por quê?
Porque nós, brasileiros, acreditamos na Fraternidade.
E não temos escolha.
De tanta segregação, de tanto descaso, de tanta indiferença,
Ficamos escolados, ficamos fartos.
Por isto a gente gosta de gostar, ama se apaixonar.
E não alimentamos nenhuma culpa por sermos deste jeito.
Existe motivo pra se ter vergonha dessa tal felicidade?
Vergonha de sonhar, já pensou?
E por falar nisto, sabe o que me causa vergonha? Causa-me vergonha perder,
Perder feio, ser humilhado, enganado, roubado, passado pra trás, sabe cumé?
Causa-me vergonha a desigualdade, 
A prepotência, a arrogância e o desmando.
Causa-me vergonha o cinismo, 
A desfaçatez, a irreflexão e amoralidade…
Mas… Lembrando dum saudoso e querido poeta,
Nós viemo aqui pra beber ou pra conversar”?…
Vamos lá, solte logo este peso, vamos chegando…
Entre que a casa é sua, fique à vontade…
Apenas mantenhas a decência: 
Respeito é bom e todo mundo gosta.
De resto, aproveite a estada pra curtir o nosso São João, 
A nossa saborosa festa de inverno.
Só não se entregue ao quentão, visse.
Que o danado sobe ligeiro à cabeça.


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