Blue Morning Glories, Georgia O'Keeffe, 1935
Meus dias são
regulares,
Sigo o meu relógio:
Daqui pra lá, de lá
pra cá...
Um, dois, três,
quatro...
Sobe e desce, entra e
sai...
Come e dorme, come e
dorme, come e dorme...
Por que penso vez em
quando que não saio do lugar?
E esta tal de gravidade
que não me deixa mentir.
Nada acontece por onde
passo
Talvez aconteça depois
que passo
É possível que se eu
fechar os olhos
As coisas decorram como
eu penso que sejam
Ou quem sabe as coisas
aconteçam
Apenas do lado de lá
da calçada
Que é aquele lugar que
nunca passo.
Tenho pra mim, que se
eu atravessasse a rua
Aquele acidente poderia
ser diferente
Do que normalmente
acontece deste lado da calçada
Onde a mendiga
religiosamente mostra as partes para a praça
(Seu gesto não tem
malicia, nem foi premeditado
É uma manifestação
puríssima, de absoluta indiferença).
Meus dias são,
caprichosamente, regulares.
Embora, ultimamente, eu
ande sobrecarregado,
Pleno de ideias
duradouras sobre o nada.
Ideias que se não me
fazem confrontar o passo
Causam um dano danado
às minhas costas.
E meio fora de hora,
sem contudo ser importuno
Lembro de não esquecer
o que pensei no chuveiro
“Tenho medo de te
esquecer,
Por isto te coloquei
como descanso de tela.
O quanto isto é
verdade? Não é.
Adoro inventar
histórias sobre nós”.
Sei onde quero chegar,
só não sei como chegar.
Não é o amor, que
apresso morro acima,
Mas o tédio, que não
pode desabar ladeira abaixo.
Mais não digo se
quisesse, nem diria hoje se pudesse,
Tudo que desejo é não
chegar atrasado pro trabalho.
Muito complicado isso de não chegar atrasado ao trabalho...porém o cotidiano virou poesia. A vida concreta no mundo da palavra!
ResponderExcluirAbraço do Pedra
www.pedradosertao.blogspot.com.br
Blue Morning Glories!!!
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