sábado, 20 de abril de 2013

A Casta Meretriz



Meditation on the History of Italy, 
Francesco Hayez, 1850




O sacerdote vive do pecado,
só ele tem necessidade que se peque.
E pecado é tudo
Que não se sujeita ao sacerdote”.

F. Nietzsche





Às seis, um bagaço.
Olhos lassos, simplórios, voltam-se contritos,
Caricatos, puro cheiro acre perfume mentol barato
Exala e ginga e pompa e bufa a bílis mossa.

O salto alto fere o silêncio da nave mansa.
Busca, entre bagatelas, o véu rendado, miúdo
Na rota bolsa, à moda mediterrânea, preto.
Pose enlutada, fixa e fica qual se, em laço.

Calvário projetado, realismo puro.
Quase romântica, pessimistas pálpebras.
Crente em confissão parida, queda e queixa.

O sacerdote anônimo em contorções agita-se
Intimidade aspira, aliviar-lhe o fardo, exercer
O oficio, o catecismo de acordo, samaritano.
- Um terço. E para. Reflete e fala:
- Vá em paz e... não peques mais.
Tão simples, eloquente e mudo.

Fogem para o interior do cofre alguns trocados.
Esmola pouca: “É a vida. Triste vida. Adeus, amém”.
E para. Reflete e anda. Segue.

Manhã seguinte, escolados:
Já espreitam, solidários, um ao outro
(Eita carne fraca).
Redimidos?
Não, profissionais... Peritos.
Dependentes do prazer momentâneo.
Ave Maria... tlim, tlim
Ave Maria... tlim.
Ave Maria...
Ave...


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