sábado, 5 de janeiro de 2013

Inevitáveis Previsões


Cartoon Merlim, Google Imagens



Em todo começo de ano, aparecem inúmeras previsões sobre o futuro, sobre o que poderá acontecer conosco e com o mundo no dia de amanhã. É de praxe buscarmos relatórios de futurólogos, análises de empresas de consultoria, observações de mentores econômicos, políticos e culturais e, porque não, aquela olhadinha no horóscopo, uma jogadinha de búzios e/ou das moedas do enigmático I Ching, sem falar nos exercícios de meditação, onde ruminamos nossas apreensões, no intuito de afirmarmos nossas responsabilidades diante de todos os nossos medos. Tudo isto por algo bem simples, queremos deter controle sobre as coisas, projetar o porvir com o mínimo de incertezas, evitar todo e qualquer risco afinal, pra morrer basta estar vivo e, nesta ansiedade não há vivente que aquente.

Foi pensando no bem estar da humanidade que decidi fuçar os mais carcomidos alfarrábios e os mais graves e pesados calhamaços; que pesquisei por incansáveis horas o tempo passado e presente no onisciente Google; que acabei consultando as mais estranhas e dispendiosas figuras pelas esquinas deste mundo afora; que resolvi conceder-me o direito de plagiar descarada e prazeirosamente material da BBC, com o único objetivo de alcançar a luz que, finalmente, me mostrasse o rumo das coisas.

Hoje, posso dizer de boca cheia: sei aonde devo amarrar o meu burro. E é esta felicidade que gostaria de compartilhar, a visão que tive, clara, distinta e cristalina, das tendências das coisas para o resto da década ou quiça das nossas vidas. Vamos à magia dos fatos.

O futuro é incerto.
Apesar dos fundamentalistas, dos roteiristas de novelas e dos técnicos que trazem tudo sobre controle, o mundo, assim como uma partida de futebol, é uma caixinha de surpresas. Por mais que você acredite nas companhias de seguros e na palavra do teu chefe, recomenda-se trazer sempre as barbas no molho afinal, cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

Ficaremos mais velhos a cada ano.
Apesar dos colunistas sociais e das suas ouvintes, temos 100% de chance de acordar amanhã com um sério problema de junta. Não duvide: tudo que sobe um dia desce. Infalível é a lei da gravidade.

As pessoas continuarão viajando.
Seja na maionese ou através dos meios de transportes disponíveis ou indisponíveis, as pessoas continuarão buscando alcançar a terra prometida, o xangri-lá ou o paraíso perdido, mesmo que seja para um ligeira temporada num fim de semana prolongado. Real ou virtual vivemos de malas prontas, com um pé nas estrada afinal, cobra que não anda não engole sapo, o jardim do vizinho tem muito mais rosas, sem esquecer de que navegar é preciso/viver não é preciso – como bem pontificou o poeta numa revelação genial de marketing filosófico e turístico.

O rico continuará mais rico e o pobre mais pobre.
Esta é a equação que penso jamais haverá igualdade. Por mais que a gente tente repartir o bolo em pedaços equitativos a tendência é de que o olho, apesar de todos os argumentos e admoestações, continue maior que a barriga (principalmente entre os profissionais da política).

A classe media continuará a um passo do paraíso.
Para garantir esta posição no ranking nacional e internacional não medirá esforços no sentido de amealhar junto a burocracia estatal mundos, fundos e pensões visando, preventiva e privadamente, engordar as empresas de segurança com o único objetivo de impedir, a todo e qualquer custo, que farofeiros periféricos invadam suas praias particulares situadas nas costas selvagens deste mundo que deus deu, dá e dará para todo o sempre amém.

Os jovens continuarão desiludidos.
Apesar da estridência, dos corpos sarados, da linguagem maneira, da crença de que a mesada é eterna e de que todo professor é um saco, parece que ainda não descobriram uma maneira de evitar a gravidez na adolescência.

A China trará tudo dominado.
Não é de hoje que ouvimos falar da paciência e da perspicácia chinesa. Quem não comprou algo “ching ling” hoje levante a mão.

Na Internet encontra-se a salvação da lavoura.
Sim, porque lá “em se plantando tudo dá”, mesmo que o preço e a velocidade da conexão deponham contra a liberdade de expressão. Além do que é intrigante saber que o mundo virtual é um universo onde grátis dá lucro.

A tendência do clima é piorar.
Desculpe-me os otimistas e as donzelas incautas que, inadvertidamente, chegaram agora. Não consigo evitar a constatação: por mais que nos esforcemos, por mais que tentemos, por mais que as celebridades, os evangélicos, a minha sogra e os livros de autoajuda digam o contrário, jamais deixaremos de fazer merda. É atávico. Mas não esquenta, há sempre alguém disposto a edulcorar a pílula – para alívio e fortuna das agências de publicidade e da indústria farmacêutica, as únicas que têm receita e remédio pra tudo.

Quanto a ti, conectado leitor, que me toleraste até aqui, aguardo que 2013 te vicie em manter os olhos abertos, a cuca esperta e o coração sagaz. Evoé!


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