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O Dilúvio
Sumério
Numa de
suas muitas viagens pelo mundo, Gilgamesh encontrou um homem muito
velho chamado Utnaspashtim.
Contava o
ancião já ter vivido algumas centenas de anos e portanto, visto de
tudo um pouco. Gilgamesh pediu então que lhe contasse algo de muito
antigo, algo que tivesse visto com os próprios olhos.
Utnapashtim
pensou, pensou e lembrou-se de que numa certa ocasião, a muitos
séculos atrás, foi convocado por Ea, o deus da água, a desmontar
sua casa e construir um barco. Um grande barco, um barco enorme e
hermeticamente fechado para que pudesse abrigar “a semente de cada
um dos seres vivos”, teria dito o deus.
- E
porque o deus te pediu isto?
- Eles
estavam zangados com a humanidade.
- Zangados?
- Sim,
a humanidade fazia muito barulho e eles não conseguiam dormir.
Utnapashtim
contou a Gilgamesh que foi convocada uma assembleia divina onde o
problema foi debatido durante muitos dias. Cada deus queria castigar
a humanidade de um jeito diferente. Mas sempre embarravam na proteção
que um outro deus ofertava. Até que Enlil, o deus supremo, sugeriu
mandarem uma grande inundação para destruir tudo e permitir assim
uma boa noite de sono aos deuses.
Mas uma
inundação que destruísse tudo era por demais terrível.
Concordaram que isto só seria usado uma única vez e deram a sua
palavra, através de Ea, a Utnaspashtim que construiu seu barco bem a
tempo, antes de chover por seis dias e seis noites, sem parar.
O dilúvio
resultante encobriu a terra e afogou todos aqueles que não estavam a
salvo dentro do barco. No sétimo dia, o vento amainou e as águas
acalmaram.
Utnapashtim
contou a Gilgamesh que abriu uma portinhola e soltou uma pomba. Que a
pomba voou à procura de terra firme, mas não a encontrou e
retornou. Contou então que soltou uma andorinha, mas o resultado foi
o mesmo. Finalmente, disse que soltou um corvo e esperou. E o corvo
não regressou.
- Deduzi
que devia haver terra firme em alguma parte. Depois de um tempo, o
barco pousou no topo de uma montanha que despontava das água. Foi
aí que eu vi que os deuses cumpriram com a palavra.
- O
que você viu?
- Vi
Ishtar fazer brotar no horizonte um arco-íris. Agora, sempre que
vejo um, sei que os deuses reafirmam seu compromisso de não
destruir totalmente a humanidade.
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