terça-feira, 12 de outubro de 2010

Minha Colher no Angu II

Não vi até agora nenhum empresário dizer qualquer coisa de ruim do governo Lula. Não vi nenhum empresário derramar-se pela mídia apregoando que Dilma representa uma ameaça para o Brasil, muito pelo contrário... Paulo Scaf, presidente da Fiesp e candidato a governador de São Paulo pelo PSB, logo após a apuração do primeiro turno, não vacilou em declarar seu apoio ao projeto da continuidade do governo Lula. Porque é isto que a Dilma representa: a continuidade do processo de inclusão social que este país viu acontecer a despeito de, no passado, Mário Amato, sair de cutelo em punho, nos ameaçando com o caos, caso Lula vencesse a eleição.

Não vi os Ermínios de Morais, os Setúbals, os Odebrechts... não vi nem ouvi nenhum usineiro por aí declarando o voto no adversário, no antibrasil que insiste em esconder-se por trás de das mentiras e calúnias, propagadas a soldo por terceiros, posando de “bom moço”, defensor da moral e dos bons costumes, um adversário que teve o desplante de, quando governador nomear um engenheiro para a Dersa, a mais de 20 anos amigo pessoal do eleito senador por São Paulo, Aloyso Nunes, seu braço direito, para depois chegar em público e dizer que nunca ouviu falar na pessoa. Cadê a coerência? Coerência é o que vemos com o projeto iniciado com o governo Lula. A revolução que vemos acontecer está beneficiando a todos, viu, a todos, afinal um jogo só é bom quando todos saem ganhando. E todos saem ganhando quando há espetáculo, quando o jogo é limpo, quando os craques jogam o que sabem, jogam bonito e a galera vai ao delírio.

Quem está descontente com a atual política economica e social? Descontentes estão aqueles que, no passado, perseguiram, torturaram, assassinaram e hoje tremem nas bases ao verem que uma ex-guerrilheira comandará o país; decontentes estão aqueles que se locupletaram com os 20 anos de ditatura neste país e agora posam de democratas, na maior cara de pau; descontentes estão aqueles que sabem que a Polícia Federal está fortalecida, que foram mais de 1200 processos contra corruptos, sanguessugas e parasitas; descontestes estão os aiotolás, mulás e talebans do nosso lado cultural mesquinho, eunuco e trevoso; descontentes estão aqueles acostumados as carteiradas, ao “sabe com quem está falando”, aos que nas filas do aeroportos torcem os seus narizes plastificados para o povão que estão perdendo o medo de avião; descontentes estão aqueles acostumados a apostarem no desequilibrio economico que nos fazia desvalorizar nossa moeda a cada 30 dias, tudo para encher as burras do capital especulativo e do velhos defensores da tese de que o bolo precisa crescer para depois dividir.

Aqui pra eles! Este tempo acabou, meus caros. E não haverá revanche, sabiam? Porque sobretudo ninguém, ninguém amiguinhos, sairá pisoteando as leis como vocês fizeram em 64, cambada de mequetrefes, abutres do fígado alheio!

O país chegou a um consenso a respeito do fortalecimento do mercado interno. E como se faz isto? Com a inclusão daqueles que a 500 anos estiveram alijados do processo. Foi um passo gigante, um passo que foi dado e tornou-se vitorioso, porque todo mundo viu que é possível sair do atraso e alavancar o futuro com uma nação unida, com uma democracia fortalecida, com uma perspectiva de futuro.

Acusam o PT de ter aparelhado o Estado Brasileiro! Balela, conversa pra boi dormir. Pergunto: e antes, o estado estava estava aparelhado por quem e para quem? Não havia aparelhamento, é? Ou vocês acham que o governo Lula devia nomear os mesmos cupinchas vossos? A massa de homens e mulheres que foram forjados na luta pela liberdade e pela justiça neste país deveria ficar fora do governo? A troco, cambada de sacripantas? Mentes que aprenderam que governo bom é governo para todos, deveriam estar fora do poder? Só porque vocês querem!

Os caras são tão desarvergonhados, que usando de táticas conhecidissímas cooptaram pela mídia o voto verde. Marina agora está pintada de azul. Só porque eles querem! Pensam que a acreana vai deixar barato. Não conhecem a história do Acre, nunca ouviram falar de Plácido de Castro, subestimam a alma seringueira.

Mas a vida continua, vai continuar meus amigos. E vai continuar com o terceiro ato da peça que esperamos 500 anos para começar a escrever e agora está no palco e em longa temporada. É Dilma, para o Brasil seguir mudando, avançando, rumo ao país dos nossos sonhos e não dos nossos pesadelos.

Àqueles que não concordam, não apoiam estas teses, respeito e peço encarecidamente que respeitem a minha dignidade, a dignidade da minha mãe que mesmo preferindo o Serra (algumas mulheres ainda não confiam umas nas outras, corroborando o que um velho amigo dizia: “mulheres são incapazes de amizade, no máximo que conseguem entre si é cumplicidade, será?), ficou estarrecida com a quantidade de e-mail's que recebi propagando que a candidata Dilma é isto, aquilo, aquilo outro e muito mais, uma enxurrada de infâmias só comparável a uma execração e apredejamento público.

Olhem, se vocês são tão coerentes assim, sigam de fato o vosso líder que, canhestramente, apregoa: cabeça erguida e CORAÇÃO LEVE! Lembrem-se, não se faz política com rancor, afinal política é a arte das possibilidades e não dos dogmas. Porque dogmas todos nós já vimos o que produziram ao longo da história e ainda hoje devasta metade do mundo, mantendo dividida a nossa humanidade.

Portanto, viva a Vida! Viva a Mulher! Viva a Sensibilidade Poética! O Sonho não acabou, não acaba e não acabará jamais enquanto houver uma indignidade sobre a face da nossa querida, única e amável Terra.


Um comentário:

  1. Paulo,

    Apartidariamente que sou, achei esta tua crônica magnífica. Reflexão importante deveras.

    Ideologicamente, tenho lá minhas críticas ao positivismo-marxista das esquerdas. Mas isto pouco importa. Reconheço no Governo Lula uma luta digna e um esforço monumental para melhorar a vida deste povo. Entretanto, não quero saber de ideologias, nem de religião ou convenções balofas da TPF ou outras ainda mais superficiais e dogmáticas. Falam tanto do ideial cristão e esquecem de pregá-lo. A coisa é simples: dane-se a ideologia, de direita ou de esquerda; dane-se até o personalismo do candidato, se é populista, acadêmico, preparado ou o diabo. Embora eu não seja um dos cristãos mais praticantes desta república, tenho consciência que o importante é o projeto, a meta. Dois grupos foram testados, em período igual, 8 anos cada, de administração. Qual destes olhou mais para o que importa: a desigualdade, o social, os mais pobres? Creio que ser cristão é ser caridoso, justo, querer ver o irmão bem; e não a avareza, o favor pessoal, a vaidade que infla-se acima do bem-comum. Se Cristo foi mesmo crucificado em nome de todos, Ele está neste momento desgostoso de ver usarem o Seu santo nome em vão para defenderem ideias de injustiça, de míseria social e apregoarem uma tradição de requinte da espoliação e da exploração do próximo. Jesus Cristo não é isto! Jesus Cristo, acredite-se Nele ou não, simboliza o sangue da fraternidade.

    Neste sentido, eu não sei se a dona Dilma Rousseff tem condição de governar de maneira tão grandiosa socialmente como Lula fez em seu governo - este barbudo que tem lá defeitos, sim, mas é um dos poucos que conhecem a alma deste povo -; mas penso, entretanto, que eleger presidente da república o senhor José Serra é dar poder à espoliação do povo por intermédio da cúpula do PSDB paulista - o paulista, porque creio que o PSDB mineiro tenha certo senso de dignidade humana herdada do PMDB de Tancredo. Enfim, eleger Serra é eleger a não-cidadania, a volta da política do mercado livre que dá a certos nichos e tirar a oportunidade do cidadão que produz a riqueza desta Nação. Tenha por certo, meu caro, eles virarão as costas à toda a multidão de brasileiros, criativos e podados da criatividade. No dia que o Brasil for um país equilibrado socialmente, aí sim, poderemos conjecturar a tal liberdade de mercado ou "vire-se como puder". Agora, não podemos compactuar com a fome, a pobreza de muitos, a má educação; poxa, justo quando o país começa a andar nos trilhos. E esta é uma terra tão bonita, profícua, onde só nos falta a verdadeira identidade. Não! Não ao PSDB paulista! Não a não-cidadania! Sim para o povo brasileiro!

    Não sei se Serra é mal, creio que não seja; mas o PSDB de São Paulo só faz destruir e alienar a educação bandeirante, outrora pungente. Não devemos ser alinhados à direita nem à esquerda, temos apenas o dever de querer o bem para todos.

    Um abraço.

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