segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Tributo a Dante

Divina Comédia: Um admirável Manual de Individuação.
A busca da centelha indizível habitante em toda humanidade.
Dêem só uma olhada na introdução.

DANTE: Ontem eu fugia. Ontem eu era náufrago. As trevas assombravam meu coração. Hoje vejo este sol iluminando a colina - meu rumo. Mas o estorvo da beleza sedutora, do mau gênio e da sordidez não permite que se passe por esta planície. Ah, poeta, afasta de mim todo o mal que me espreita. Que, conduzido por ti, eu consiga alcançar o meu destino.

VÍRGILIO: Já fui homem no tempo de falsos deuses e cantei os feitos dos justos. Por isto, guiar-te-ei através do sofrimento, da amargura e da esperança. Mas é só, o monte das alegrias infindas não me é dado alcançar.

DANTE: Ora quero, ora não quero, tenho a alma aberta a toda sorte de idéias. Vê bem se mereço que me guies, se guardo em mim potência suficiente? Receio que empreender esta jornada seja uma grande insensatez. És capaz de entender o que a mim causa tanta confusão? Eu que nada decido, nada resolvo, que penso sempre em desistir.

VÍRGILIO: Tu és dominado pelo medo, ages como um animal assustado. O homem que se acovarda perde a razão, meu amigo!


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