A Mulher, o Homem e a Serpente, Byam Shaw, 1914
esse
negócio de dizer
que
mulher é uma incógnita
é
papo de quem não sabe
ou
não quer
agradá-la…
o
orgasmo feminino
tem
sido lugar de fala das lésbicas
(alegam
saber fazer uma mulher “chorar”
no
mínimo, umas dez vezes
numa
única vez)… mas
existem
homens capazes
de
entendê-las e amá-las
senão
o Kama Sutra
será
uma obra de perversão
e
não um tratado de sabedoria
a
mulher nunca foi mistério
prá
seu ninguém
sempre
esteve aí, à flor da pele
de
quem articular
um
singelo
“descansa
tua cabecinha no meu ombro e chora”
diante
da dúvida, do medo
da
incerteza, da desconfiança, das cólicas…
– senta
pra ouvir o diário sangramento
mesmo
quando não sangra, porque
a
mulher sangra, caríssimo!
e
quando não sangra está servindo de morada...
e
não me venham dizer
que
a mulher não tem o direito de expulsar
o
indesejável ou a raiz de uma invasão agressiva…
daí
quando a mulher
maternalmente
nos
aplica uma rasteira
um
safanão
um
pescoção
uma
palmada pela malcriação
choremos
sem vergonha
na
volta por cima
porque
sem a mulher
nós,
machos, cabras de peia
faríamos
parte
do
planetário bando de bobões,
coletivo
de ninguéns
zé-manés
atoa, babões sem eira nem beira
a
implorar por aquele cheirinho gostoso
que
nos atiça o desejo de vestir suas calcinhas