descendente de bandeirantes
capitães do mato, milicos, jagunços
milicianos high-techs, políticos de bolso
(com um livro de phantasmagorias
debaixo do braço)
crentes pragmáticos na divindade,
na pátria e na liberdade de expressar
que todo dia é dia de branco
e na festa no ap
vai ter sofrência pop e petiscos
servidos em baixelas de prata
do que sobrou do lombo dos negros
índios, pobres e periféricos
traficantes da fé alheia, coaches e influencers,
a soldo de casas de apostas aliciam
nubentes veteranas movidas a botox
para acasalarem com bons meninos de chicago
e conceberem in vitro
mais uma receita para estufar o bolo
incensados por animadores de auditório
nas tardes entorpecidas de domingo
um terço da população, inflada de patriotismo,
bate continência à entidade que empreende
mais um inferno ultramoderno
importado do vale do cilício
criado sob medida para os outros
– ai de mim,
ai de ti,
ai de nós!
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