Metamorfose, Manuel Rivera, 1959
há uma horda de indecentes
enlouquecidos e raivosos
tão ocos quanto o ódio,
(esse vazio existencial),
a detonar tudo
nessa loja de cristais
que habitamos
em outdoors garrafais exclamo:
– gente, o inimigo sou eu
ó glória!
sou o abismo que me encara
na faixa de pedestre.
vê? crimes e castigos
coreografados
diante do espelho,
para além do recalque,
exibem Narciso, esse amante
violento a fazer do caos
o espetáculo da temporada
na margem oposta,
falo línguas e
garimpo moedas psicodélicas
deslembrado da senha
conserto: antes
que a borboleta assassina
ávida de escapar,
me assuma, dispo-me
enlouquecido
do imperioso desejo de ser
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