sábado, 4 de outubro de 2025

metamorfose

 

Metamorfose, Manuel Rivera, 1959




há uma horda de indecentes

enlouquecidos e raivosos

tão ocos quanto o ódio,

(esse vazio existencial),

a detonar tudo

nessa loja de cristais

que habitamos

 

em outdoors garrafais exclamo:

gente, o inimigo sou eu

ó glória!

sou o abismo que me encara

na faixa de pedestre.


vê? crimes e castigos

coreografados

diante do espelho,

para além do recalque,

exibem Narciso, esse amante

violento a fazer do caos

o espetáculo da temporada


na margem oposta,

falo línguas e

garimpo moedas psicodélicas

deslembrado da senha


conserto: antes

que a borboleta assassina

ávida de escapar,

me assuma, dispo-me

enlouquecido

do imperioso desejo de ser



 

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