sábado, 24 de agosto de 2024

Memórias de um Sargento de Milícias

 

Detalhe da Capa da Editora Ática, Série Bom Livro


Outro dia, ao dar uma passadinha no futuro para indagar sobre o que fizemos para merecer o país que vivemos, assisti em flashback aterrizar no Parlamento um desses altíssimo coturno decretar, com uma avassaladora enxurrada de votos a favor que: “Os militares proclamaram a República, portanto são os legítimos donos dela”.

Pediu a palavra um coronel que, do alto do seu pijama listrado, bravamente condecorado cacetadas de vezes e tomado daquele espírito que só se adquire ao praticar cursos de alto e baixo comando realizados nos istaites, acrescentou: E já que nunca deixamos e ser absolutistas monárquicos, dane-se a Constituição e a Democracia estando proibida toda e qualquer disposição em contrário, cumpra-se, caluda e ponto final”.

Foi essa a deixa para que um cabo devidamente acompanhado por um soldado, embriagados de patriotismo e ardor cívico, invadissem o plenário aboletados num jeep da II Guerra Mundial reformado e equipado com a mais moderna tecnologia de arapongagem importada de Israel e proclamassem: É assim ou tacamos bola de borracha vencida nos contrários, porque temos que economizar munição para uma hora de guerra contra os comunistas vagabundos que estão chegando de Cuba, Venezuela e de várias outras terras planas do universo".

E todos ovacionaram a bandeira enquanto entoavam, na mais casta pronúncia brasileira: “Oh, vírus do Ipiranga…”!


 

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