sábado, 28 de janeiro de 2023

a tragédia de um ninguém

 

I Can See the Whole Room and There's Nobody in It, Roy Richtenstein, 1961


incapaz de derramar uma lágrima

riu da agonia,

da dor,

tripudiou da miséria

e, alheio, sentiu-se ungido:

crente que teria sobrevida

além e acima do caos


ignorante da própria pequenez,

investiu contra tudo e todos

distraído da condição humana:

imperfeita, fraca, frágil… falível


eis que a munição acaba

e as mãos, unhas e dentes das vítimas

inscrevem na História

o patético fim de um arrogante


e esta pena assinala,

diante da eternidade,

a tragédia desse ninguém

condenado a viver atormentado

por seus delírios de grandeza


 

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