sábado, 12 de novembro de 2022

a lenda do ramo de ouro

 

Festival de Corpus Christi, Francisco Goya, 1813




ó acúmulo de fantasias,

práticas mágicas e religiosas,

superstições, ritos e sacrifícios…

preciso controlar o incontrolável,

o rio tumultuoso das manifestações d’alma


ó festins diabólicos, imolações humanas,

progressão sangrenta, condutas rudes e perversas

rituais antropofágicos: quero a comunhão heroica

o simbolismo, profecias modernas

evitar a catástrofe final… alcançar o sublime


ah, minha humanidade

sigo vítima da tua fecundidade:

quanto mais me multiplico

instantâneo me torno irrelevante,


inútil, me grudo à bichalidade

onde as pulsões buscam me fazer esquecer

tudo que de fato importa…

e eis que a revolução

alegre, desde as cinco da tarde

passa ao largo em desfile no rumo oposto

ao sentido do trem que insisto em embarcar



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