abandono o passado
(essa sugestão),
e o que trouxer de abuso
faminto perscruto o futuro,
as tais coisas novas
pessoas, ideias
projetos…
a farofa e a carne seca me enchem o bucho,
a pimenta me anima
teço no presente novo figurino
descuidado
refresco a encobrir a pele
curtida em sal, sol e fúria
e exibido, passeio, aos domingos -
os pés plantados neste massapé cansado e trêmulo…
se o que não mata engorda
bebo na fonte do destempero
e sigo
degustando a carne de heróis:
sim, eu imperfeito, canibal, ainda escolho
ouvir estrelas e fazer graça pra plateia
cuspindo fora
todo sub e sobre-humano
oh, terra zoada de são saruê
senhora
mágica maravilhosa
olhos que esquecem
o dia que tudo houve
história que não serve ao poema
e tampouco vem ao caso
aos nossos sonhos melhores…
pairo feito grito acima do dilúvio
(que após tantos séculos
ainda escorre ribanceiras abaixo)...
minha goela inundada clama
por outro quebra galho
outra terra à vista – lá
donde jamais deveria ter saído,
onde eu era só amor e ponto final
(mas dado meu histórico de poeta
posso estar redondamente enganado)
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