sábado, 26 de setembro de 2020

a medida do poema

 

Poem 7, Maku Haku, 1966




o poema abomina imposturas

dispensa lisonjas

foge das falácias

dos sofismas

        das trapaças, barrigas, burlas

evita a ruína

        a necessidade

        a vaidade, o medo

e a urgência de toda ânsia


qual a medida do poema?


desde que espontâneo

o verso é que nem festa

        surpresa

fortuita estrofe

        casual afeto

noviço beijo


é que o poema contempla

a infinita brevidade do instante

        (seu bônus)

todo o mais é tempo

        engenho

gasto

        (armazenar pressão

        frequência cardíaca

        preservar a máquina)

e espectar… e expectar… e viver

sem esforço

se possível



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