sábado, 15 de junho de 2019

mariposas


Icarus, Henri Matisse, 1944



todos ícaros
esses heróis de cera
pobres meninos pobres
sedentos de eira e beira

parque opresso e diversões
vos abriram sésamo
a esperteza e guloseimas

e pinóquios acorreram
em plena meia-noite de senões
peitos todos conspirados
tais brinquedos falhos
imprudentes corações

desprezam os bons modos
e tramam a própria queda
        tais recrutas
luzem seus olhos
        esquecidos de espelhos
em orações forjadas e fajutas

deslumbram esses arruinados ainda
todos os brasões
todos os barões
todos os salões
todas as exceções
de uma glória efêmera e cara

e quando se recolhem à cama
bailam descrentes de história
e aflitos
        esses sonsos
dormem
a afogarem sonhos
na lama
das cinzas que espalham



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