sábado, 8 de setembro de 2018

soletrar imagens



Spell Words, Nicholas Roerich, 1922


alcançar o poema visual
sem fechar questão
sem cerrar a porta
a janela
o buraco
a pequena passagem
que sai do olho
e chega à consciência
daquilo que você menos espera
e habita a espinha
assim
fica aqui
a dica de que melhor
vale um poema
na mão
que duas imagens
no chão
qualquer coisa que o valha
manter
aquela dica que você me deu
ontem à tardinha
justo na hora em que ninguém estava nem aí
para o que vinha ou iria
tomar uma caninha com suco de limão
antes do meio dia
legal
na perspectiva de encontrar você
faria meu melhor
papel
(escolado contador de moedas)
diante da plateia
no restaurante que cabe no meu bolso
canhestro bisonho burguês
e continuaria aquele desenho
na página em branco
como tábua de salvação
dádiva dívida
ou faria outra coisa
mesmo que pareça
ou pereça
antes
descumpriria a decisão
que abocanhou o conselho
sem ao menos aparecer um ai
embora
a gente saiba
que só se grita
depois que a casa cai



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