Um Cão Andaluz, Luis Buñuel, 1929
Presos
em nosso labirinto de mediocridades,
incapazes
de realizar um esforço endógeno minimante coerente,
desprovidos
de forças nacionais renovadoras,
caminhamos
para estacionar em nosso lugar natural no sistema-mundo,
a
mais extrema periferia.
César
Benjamim
Oscilante entre a
revolta e o golpe
Amanhã restarei
vazio… Para onde
Contra quem
dirigirei o meu ódio?
A vitória tem gosto
amargo
Sela-me a boca,
seca-me a fala…
Ganhei não porque
joguei bem
Ganhei porque fui
tenaz na injúria
Daí o meu fracasso
Eu, ilha desonrada,
caolho
Habitado de dívidas
Cercado de crimes
por todos os lados
Berro de cátedra:
Dane-se o fair
play
Minha justiça é
minha
Sempre minha e
bastarda
Jogo por um deus que
descreio
Por uma família que
não tenho
Por uma pátria
anacrônica e burra
Por mim mesmo,
impossível e caro
Meu mérito, este
monstro que me deforma,
É não temer a
vergonha da minha estupidez
Entrego, portanto, à
história, esta infâmia:
Meu nome exposto,
desenhado com bosta.
Duro, belo e terrível!
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