sábado, 27 de junho de 2015

Não se sofre de amor

A Tristeza de Arlequim
George Stefanescu-Ramnic, 1978


Não sei falar do amor
Sei falar de dor…

Contudo, digo,
Apesar da rima fraca,
Tive bons momentos
Vivi loucuras amorosas…

Viajei sem destino
Compus poemas
Escalei paredes
Tirei foto lambe-lambe
Cantei bem alto o nome amado
Eu, beija-flor, mensageiro dos seus encantos
Dancei de mãos dadas em infinitas madrugadas
Entrei no mar com roupa e tudo
E me afoguei
No ciúme de uma brisa

Daí o exílio, a distância, o fim do mundo
E ao rogar cada palavra transformada em beijo
Para além do físico
Ali, dentro do peito
Este abrigo, meu refúgio
Em ti, oceano-nave-porto
Centelha em cegueiras habitadas de temores
Fogo abrasador dos desertos
Finalmente ouço o estalo:

A gente não sofre de amor
A gente sofre dessa ausência.  


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