sábado, 18 de abril de 2015

Navegar entrelinhas


Couple with Their Heards full of Clouds, Salvador Dali, 1936



O dia claro, a caneca de café
O silencio e aquela conversa que tivemos ontem…

Existem coisas que a gente diz inflamado
Coisas improváveis mas reais
Coisas verdadeiras
De fazer melhorar o mundo.

Existem horas em que deixamos de ser usuais
Horas em que meros contornos alcançam signos
Horas em que é possível viver o momento
Em muitos tempos e infinitos espaços

Ah, não fosse tu, alívio e consolo, mágica das coisas
Onde encontraria as palavras para dizê-la
Não fosse tu, senhora das múltiplas possibilidades?

Ao náufrago, diante do imenso mar, do tempestuoso mar
Resta-lhe a música e dança da alma, crença de resgate
Do que se encontra atrás e daquilo que se perde adiante...

Quanto ganho, Maíra, que alegria o teu poder
Por mais que a tecnologia se insinua entre nós, ciumenta e letal
Sem ti e a linguagem que me ensinaste, ó Bela
Seria um tolo remexedor da vontade
Vontade cega, instinto que insisto domar
Na fera que acua, intimida e despenca em mim o abismo
O desvio, a prisão, o sepulcro, beco cruel e ponto final.

Quanto ainda por falar nas reticências…
Senão bens e gozos a dançarem qual bailarinos em nós
Tão longínquos quanto o mar que nos separa
Tão próximos quanto a lágrima que insiste em nos libertar.



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