sábado, 20 de dezembro de 2014

O Buraco da Agulha



Hand and Eye of Needle
Abidin Dino, 1980


O poeta não força a rima
Nem finge erudição
Ele é apenas improviso
No canto que vem do chão.
Anônimo


Quantos de mim sou eu
Esses tantos ontem à noite

Existe mal em agradar a quem se ama
Ou fazer bonito pra quem nos detesta?

Há um processo entre a matéria e a forma
Aquilo que desejamos falar e o modo que falamos

Vai assim de degrau em degrau
Essa espiral perspectiva

Uma pequena viagem
Pelo buraco de uma agulha

Naquilo que ruma e conflito
Balança o chão redemoinhos

Selvagerias, morte
E o hábito dramático de amar

A gente começa a ter alguma coisa
Quando o roteiro não faz curva antes da esquina.

Conheço esta cidade como a palma da minha mão
Mas sempre me perco quando quero te achar

Preso naquilo que liberta
Viver é uma armadilha criativa

Quantos de mim sou eu
Em tantos cotidianos?  


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