sábado, 2 de fevereiro de 2013

Malogro e Redenção - 1. O Estranho



Abstrato, Antonio Bandeira, 1967



É impossível escapar à impressão
de que os seres humanos geralmente
empregam critérios equivocados,
de que ambicionam poder, sucesso e riqueza
para si mesmos e os admiram nos outros
enquanto menosprezam os verdadeiros valores da vida”.

Sigmund Freud, O mal-estar da Cultura


Este é um poema, pretensamente épico, para ser lido aos sábados. Em onze movimentos, verseja, em imperfeito modo (escusas!), agruras, esforço e satisfação de um eterno aprendiz.

Acompanhem cada canto como se fosse único, porém observem o todo no qual cada um é tão somente parte.



1. O Estranho

Sei que sou, só não sei o quê.
Não sou tu, não sou ele
Não sou outro senão eu mesmo.

Então, que sou: uma biografia
E suas várias versões?

Que tal um número
Um grau em qualquer escala
Uma hipótese, uma crença
Um acaso, um trivial acidente?

Montanha de desejos
Floresta escura
Oceano
Espaço infindo...

Eis enfim o que sou:
Interior sem fronteiras
Acidente de percurso
Estranha subjetividade.


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