sábado, 14 de janeiro de 2012

Homo Mesura


Werner Heisemberg, Norberto Conti, 2008


Vivemos tempos difíceis, bicudos! A cada dia que passa ganha corpo, e se robustece, a tese subjetiva de que “a única realidade é a do ser pensante”. Assim, vemos que categorias universais não passam de manipulações a serviço de determinadas humanidades. Protágoras (mais vivo que nunca) teria afirmado: “Homo mesura”, ao concluir que tudo devia ser definido pelo conjunto das pessoas e aquilo que vale num determinado lugar não deve valer, necessariamente, em outro. Esta máxima significa que as coisas são conhecidas de uma forma particular e muito pessoal por cada indivíduo. O que vai contra, ao projeto socrático de chegar ao conceito absoluto de cada coisa. O Principio da Incerteza, pedra angular da Mecânica Quântica, afirma que é impossível medir velocidade e posição de uma partícula. Para enxergarmos um próton temos que iluminá-lo. A quantidade de luz necessária afetaria a partícula, dificultando qualquer previsão acerca do seu comportamento. Estamos ou não estamos num mato sem cachorro?

Vivemos num estado de completa incerteza. Ansiamos por uma força, qualquer força, em que possamos acreditar. É Zygmunt Bauman quem nos alerta: “Buscamos algo em que possamos confiar e que nos seja capaz de tranquilizar sobre as causas dessa profunda, vaga e difusa consciência de insegurança que nos atormenta, dia e noite, neste mundo líquido moderno. O desejo é que, conhecendo essas causas, a força possa nos ensinar a combatê-las, reduzir-lhes o poder e neutralizá-las de maneira eficaz; ou, melhor ainda, que essa força seja por si mesma poderosa para realizar as tarefas que as pessoas normais, penalizadas com a inadequação de seus conhecimentos, habilidades e recursos, só podem sonhar em fazer por conta própria”.

Mas nem tudo está perdido. Vejam o que sugere a professora Mary Hooks Pears, decana do proeminente Colégio da High Society Of Cool and Hipsters Studies da Universidade de Ohio, Massachusetts, em dissertação apresentada perante o Comitê Central do Bureau International des Poids et Mesures, na última quarta feira. Afirma a digníssima, urgente e necessária reformulação completa do sistema de pesos e medidas. Diz em nota: “Após várias tentativas frustradas em fazer os alunos de todos os graus assimilarem os sistemas de unidades, visto não refletirem o universo prático das coisas, proponho que os Governos aprovem e oficializem um novo sistema, bem mais próximo das exigências do dia-a-dia cotidiano das classes em todas as instâncias”. E apresenta-nos a seguinte tabela:

Potências de Dez
Pra caralho = Infinito; Pra cacete = 100.000; Uma porrada = 10.000; Uns mil = 1.000; Um monte = 100; Um pouco = 10; Miséria = 1; Um cisco = 0,1; Porra nenhuma = 0,001; Nem que a vaca tussa = 0,000001.

Porcentagem
Tudo = 95%; Quase tudo = 90%; Todos = 85%; Quase todos = 80%; Meio = 60%; Metade = 40%; Ninguém = 15%; Nada = 10%; Quase nada = 5%; Nadica de nada = 2%; Uma titica = 1%; Um pelinho = 0,1%; Um pentelhésimo = : 0,001%.

Comprimento
Um palmo= 30cm (na compra); Um palmo = 20cm (na venda); Um quilômetro = 600m (ida); Um quilômetro = 1400m (volta); Um pinto = 30cm (dono); Um pinto = 6,31cm (outro).

Grau de Precisão
Nas coxas = erro de aprox. 30%; Mais ou menos = erro de aprox. 20%; Exatamente = erro de aprox. 5%; Perfeitamente = erro de aprox. 4%; Na bucha = erro de aprox. 3%; Na lata = erro de aprox. 2%; Na mosca = erro de aprox. 1%; No olhinho do c... = Erro de 0,001%.

Volume
Um gole de cerveja = 600 ml; Um gole de chopp = 300 ml; Um gole de caipirinha = 250 ml; Um gole de pinga = 100 ml; Um gole de café = 50 ml; Um gole de água = 25 ml; Um gole de leite = 2,6 ml; Um balde = 7500 ml; Um mijão = 500 ml; Um mijinho = 30 ml; Um pinguinho = 2 ml; Um cuspe = 1,5 ml; Uma gota = 0,1 ml; Um cheirinho = 0,001 ml.

Velocidade
A milhão por hora = 170 km/h; A mil por hora = 160 km/h; A cem por hora = 120 km/h; A dez por hora = 60 km/h.

Tempo
Uma semana = 14 dias; Duazoras = 5 h; Um minuto = 30 min; 1 segundo = duazoras; Um momento = Eternidade; Um instante = Infinito.

Como disse Gilberto Gil, no lançamento do seu mais novo trabalho, Refazendo a Refavela, ao tergiversar sobre o copo meio cheio/meio vazio nas mãos de Zeca Pagodinho: “Talvez seja pra rir. Ou não”.



Um comentário:

  1. Paulo Laurindo, excelente a sua proposta, via aquela professora porreta do país ao norte. As medidas estão muito bem mensuradas. É isso mesmo. Dei boas risadas!

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