Cena de Metropolis, Fritz Lang, 1927
Na copa dos edifícios,
assoma furtivo vulto
Sílfide, saltita e
grasna irrequieto flerte
Travessa canção
súbito me desperta
Estanco e aguardo
inesperado fado
Traz singular figura de
ignoto passo
Em suas escamas o meu
nome tatuado
A lua alheia assiste na
cidade breve
Excessivo ato em pleno
fim de tarde
Perverso, rasteja o
vulto transmutado em larva
Frágil como um rebento
a buscar um seio farto
Repleto de tais
intenções sussurra encantos
Iminente ato vil, prova
cabal do seu intento
Enrosca-se e acaricia,
sem pressa, aveludado
A salivar vocábulos de
paradigmas natimortos
- O lixo, onde devo
descartar o lixo,
Todo o lixo que trago
escuso e insolúvel?
Cuido, entrincheirado
nos flancos da quimera
Do riso melindrado que
inteiro me rumina
No começo da noite,
vagos olhos se encaram
Com palavras ruidosas
celebra-se hecatombes
Enfadados de dor, em
doses demandadas
Dissimula-se uns tantos
quantos suicídios
Pelejas consumadas,
descerrados véus toldos
Crimes deslembrados,
resta-nos almas penadas
Na cidade grave,
malgrado todo pensamento estético
Reflexo e sombra se
revesam, para assombro dos incautos
Maravilhoso!
ResponderExcluirPaulo, li três vezes com vagar, para apreciar as assonâncias, as paronomásias, as imagens. O poema é a perfeita tradução de som e sentido: intrincados os dois. Mas cheios de beleza!
ResponderExcluir