sábado, 5 de novembro de 2011

Soltem a Magdala - Capítulo 3


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No capítulo anterior, descobrimos que há sim alguns esqueletos no armário, produto de administrações passadas mal resolvidas emocionalmente. Faremos um breve passeio no tempo, com o auxilio de tecnologia de ponta, para vermos de perto as primícias de certos malassombros que assolam Pelópia.

Devassa – Não interessa o custo. Quero tudo do bom e do melhor, de preferência importado.
Baleia – Assim será. Não ficará pedra sobre pedra. Um novo conceito de palácio brotará nestes trópicos.
Devassa – Todo mundo trabalhando duro. E ai daquele que eu pegar coçando o saco.
Baleia – O seu milagre está garantido.
Carcamano – Ahn ahn... com licença!
Devassa – Coronel Carcamano! Que bom vê-lo de volta.
Carcamano – Minha senhora!
Devassa – E a quinta coluna?
Carcamano – Penetrando firme.
Devassa – Quanto tempo ficas desta vez?
Carcamano – Tempo suficiente para extirpar algumas minorias ruidosamente empedernidas.
Devassa – Só desejo paz!
Carcamano – Paz e progresso.
Devassa – Mas, voltando à vaca fria... Baleia, vá ver se estou na esquina (Baleia sai) Senti a sua falta.
Carcamano – Aqui me tens de regresso.
Devassa – Ando tão precisada.
Carcamano – Shiii! As paredes tem ouvidos.
Devassa – Toma, toma esta xexelenta nos braços.
Carcamano – Péra, mulher!
Devassa – Que foi?
Carcamano – Os tempos são outros.
Devassa – Não me diga que...!
Carcamano – Sim, preciso confessar: cobiço outra.
Devassa – Perfídia!
Carcamano – Nossa amor não tem futuro, Dedé. Meu sonho é casar na igreja, lua-de-mel em Caraguá e cuidar de sete filhos numa casinha branca no alto da colina.
Devassa – Não, não quero saber de mais nada. Quem é a lambisgóia?
Carcanamo – Alguém muito próximo. (Emengarda entra)
Devassa – Emengarda! Que fazes, pudica, passeando por aqui, nestas horas tão insonsas?
Emengarda – No quartinho fazia um calor tão... tão...
Carcamano – Tórrido!
Emengarda – Sórdido.
Carcamano – Permita-me refrescá-la.
Devassa – Não se dê ao trabalho, major.
Carcamano – Qual nada.
Devassa – Capitão Carcamano, penso estar na hora de passar a tropa em revista.
Carcamano – Perdão, por instantes deixei-me levar pela estética barroca.
Devassa – Melhor que te vás, querida. Os operários devem chegar a qualquer momento e isto aqui vai virar um bafafá.
Emengarda – Posso ficar mais um pouquinho? Gostaria tanto de ver esses homenzinhos trabalhando. Parecem-me tão... tão...
Carcamano – Másculos!
Emengarda – Minúsculos!
Devassa – Este tipo de espetáculo não fica bem pro teus olhinhos, meu amor.
Carcamano – Deixe que fique.
Devassa – Ela tem uma constituição muito frágil.
Carcamano – Comigo por perto não haverá imprevidência.
Devassa – Está bem, mas só um pouquinho.
Emengarda – Obrigadinha, titiazinha!
Carcamano – O trabalho enobrece o homem, já disse um filosofo.
Devassa – Gracinha. É o que pensas, tenente?
Carcamano – Sou de pegar no batente de sol a sol.
Emengarda – Adoro trabalhos manuais!
Carcamano – Permita-me uma demonstração. Vês aquelas ferramentas? Escolhe uma e verás do que este militante é capaz.
Emengarda – Eu posso, titia, posso?
Devassa – Escolhe a mais pesada, meu bem, o sargento Carcamano aguenta.
Emengarda – Minha mãe mandou dizer que eu escolhesse esta mas como sou teimosa escolho esta.
Carcamano – Graciosa troquilídea, reserve em tuas retinas espaço para cena insuperável (Apanha uma picareta).
Devassa – Cabo Carcamano, vê lá o que vais fazer.
Carcamano - ( Tira a túnica) Afastem-se, senhoras. Acabarei com estes aliceces num piscar d'olhos (Senta a pua)
Emengarda – (Atingida) Ahhhhhhgggggggrrrrrrrr....!


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