sábado, 12 de fevereiro de 2011

Epílogo

Fotograma de Animaçao, Ricardo Quaresma e Maria Freire



Todos os céus me sobrepõem.
Todos os abismos me aguardam,
Lancinantes.

Roço a vida com a ponta dos dedos.
Acaricio a íris tênue da alegria
E penso balbuciar um poema taumaturgo.

Cativo, rendi-me ao logro.
Incapaz de perceber o blefe,
Vago no tempo que me resta.

Quando a janela transbordar
Uma imagem opaca ficará:
Eis que ali pousou um vaso, incerto
Da planta que um dia habitou.

E a rua, refeita
Dos caminhos crassos,
Em versos breves
Numa ode farta,
Quem sabe sobre
Um refrão esquivo
Que abafe o ruído
Do jarro partido.


2 comentários:

  1. Belíssimo poema. O amargo da vida fica até mais palatável, através destes versos.

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  2. Magnífico poema. Suas palavras foram, mas ficaram em minha memória. Simplesmente estonteador a independência delas.

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