sábado, 7 de agosto de 2010

Na Ilha

Ao desembarcar na ilha,
A primeira providência:
Plantar no abismo a semente.

Livre de embaraços, essa árvore
Regada com pranto e prece, crescerá
Com as raízes fincadas no meu coração.

E todas as manhãs, eu planta criança
Olhos adornados de horizontes,
Prescrutarei as alternadas estações.

E tu falarás comigo, se for do teu agrado
E eu te agradecerei, sol sempiterno do meu dia,
À sombra amena que me deste no colo dessa mãe.

E os meus acautelados dedos hão de labutar
A pele orvalhada dos teus campos
E com cânticos de improviso poupar-te-ei de toda ira.

O calor não abrasará meu corpo
Não tremerei de frio em noites de tempestades
Pois tu, refrigério e calor, me protegeste
Com vestes de neblinas e claridades.

E quando chegar o outono no meu crespúsculo de ilha
Tua brisa há de balancar os meus ramos
E despido eu folha serei leve e, estendido
Colherei do fruto minhas lágrimas de glória.


8 comentários:

  1. O que quer que eu diga será migalha diante do teu poema. Nele está a confirmação do teu engenho e arte, Paulo Laurindo. Bonito demais da conta, como dizem os mineiros. Ou, porreta, como dizem os nordestinos!

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  2. Um feliz dia dos pais meu querido!
    Um grande abraço
    Gena

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  3. Faço minhas as palavras do leitor Saint-Clair Mello, neste poema "está a confirmação do teu engenho e arte".

    Gostei daquilo que você disse no blog sobre este negócio de pai, foi mesmo uma boa reflexão. Feliz dia dos pais, caro amigo.

    Abraço.

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  4. Estava com saudades de vir em teu cantinho e me deleitar com vossas escritas.
    Mais uma vez, minha admiração aqui registrada.

    Beijos!

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  5. "àrvore regada com canto e prece",só essa frase já é um grande poema. Brilhante, como sempre!

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  6. Me perdoe a falta no teu aniversário.

    Sobre esse poema, cito o galêgo:
    -"hoje o mar estava clássico"

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  7. Adorei!!

    Magnolia Menezes

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