sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O Construtor de Silencios

Graves cios corrompidos de agravos emergem no mar raiz pleno de aves
Peixes plumas aureolados de labutas vigiam astros pontes invisíveis
Cartilagens desenhadas de soluços erodem a torre de guerreiros monocordios
Em ciclos, acordem ecos retumbantes na cava melopeia de um fagote
E o poeta de grinalda ararada trezanda um labirinto de solstício
Equadores de eras tao aduncas: onde a ilha, meu cabloco?
Onde a retina se espanta, onde os cimos se nivelam?
Na espuma eriçada dos relampagos, nos cirios acridoces ou nas mágoas?
O poema construído de silencio dardeja em peripécias de aladas caravelas
E a amada de janelas presumidas...
Nuvens já nao tingem os mantos bastos
Noites já nao sonham os olhos glaucos...
E esses dias que nunca se aplacam.
Quantos restolhos de ausências
Quantos caminhos em nossas tardes de encolhas
Nao, nao o apontem com olhos enviesados
Sua culpa ele ostenta escusado
Ouçam desses lábios um preambulo de fuligem
Destinado a inascer qual de um calvário
Pois abstraido numa procissao de estandartes
Anteviu a ilha derradeira nestes tropicos mutilados
Sonhou a biosíntese em espelhos calcinados
Tantas vezes insalubre e obvio no assombro
O poema, este arco iris engalanado
Desfralda velas florecidas de concordias
E vai, torto qual os becos, tronxo, tecendo garantujas encantadas.
O poema antropologico, o poema geofisico fica a dever ao pastiche dessa carne
O poema sincopado sobrevive, vê Jorge
Quanto canto, quanto danço, mesmo malogrado?

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