A
turma que subiu ao pódio da canalhice, por obra e graça da
mesquinharia nacional, gastou saliva fedorenta propagando a
existência de uma suposta caixa-preta do BNDES… Que era preciso
abri-la e coisa e tal… Fizeram disto um cavalo de batalha e
acabaram por contatar dois escritórios de investigadores
internacionais para realizarem uma devassa em vários contratos do
banco.
E
o que encontraram? Nada, nadica de nada. Todos os contratos
existentes foram firmados dentro da mais completa lisura.
E
aí vem a bomba: Os sherlocks,
após exaustivas pesquisas, apurações, raciocínios dedutivos, fala
daqui, ouvi dali, confere isto, tica aquilo… produziram um
relatório de 08 (OITO, eu disse oito, o-i-t-o, 5 mais 3, 6 mais 2, 4
mais 4, 7 mais 1… sacaram?) singelas páginas onde afirmam, em
letras garrafais, não existir nenhum esqueleto dentro da caixa
denominada preta (olha
o racismo estrutural aí, gente)
do BNDES.
Todo
este vira-e-mexe custou
ao nosso bolso
nada mais nada menos que a ninharia
de 48 milhões de reais – fatura que o Tribunal de Contas da União
não consegue explicar nem com reza braba.
O
Brasil, eternamente
tutelado por sujeitos fantasiados de azeitona, elegeu
uma camarilha
de lunáticos,
dementes, esquizofrênicos e psicopatas… E
agora, sem
choro nem vela, teve
que morrer em
48 milhões de reais por 8 (OITO) páginas de papel sulfite tamanho
A4 (que
certamente se encontram esquecidas nalguma gaveta palaciana, se não
foram jogadas em alguma lixeira).
Só
no país tropical bonito por natureza é possível que gente
desqualificada, desmoralizada e desacreditada torre dinheiro público
para provar que são, de fato, desqualificados, desmoralizados e
desacreditados.
…
Os
nossos direitistas, covardes cooptados pela extrema, são mesmo uma
piada: não fazem ideia de onde vivem e continuam com a cantilena
propagada pelos verdes-azeitonas que se acham donos da nossa
República, de que o Brasil jamais será vermelho.
Gente,
este país nasceu escarlate… O nome que acabou na certidão de
nascimento deste país continental onde moramos, trabalhamos,
nutrimos esperanças e encontramos a cada esquina um fascista é
Brasil, logismo que vem de brasa, vermelho… Vermelho
tal qual a madeira que, nos primórdios da colonização, encheu o
rabo de dinheiro dos ancestrais dessa gente que hoje se arrepia
diante da cor do sangue derramado diuturnamente pra sustentar seus
privilégios, prepotência, ganância e ignorância.
…
E
chegou
o
carnaval…
A
nação brasileira
se prepara para pular mais
uma vez na
chapa quente.
Antes
que a polícia barbarize a bagaça,
aguardo
uma
quarta-feira
de cinzas a um minuto do fim do mundo.
Mas
eis que o governo central, tomado de milicos até o talo, segue
agitando o “f…-se”
como estratégia política,
certo de que conseguirá armar seus jagunços a tempo de tomar de
assalto o poder, “dentro
das quatro linhas da constituição”, é claro.
Enquanto
isto, a grande mídia — comprada
de manhã e vendida à tardinha,
continua
a anestesiar o povão com suas
histórias
fantásticas
saídas
dos
miolos
carcomidos
de sujeitos
cínicos
muito
bem
pagos.
Mas,
relaxa:
é carnaval. O problema é que a nossa fantasia, além de
esfarrapada, não inspira mais
graça
nenhuma.
Então,
o negócio é encher
a lata,
azarar deus e todo mundo, reclamar dos trombadinhas e fingir
diversão.
Se
nem aqueles que faturam alto com esse estado de coisa, acreditam
mais, porque continuamos a
nos
arrastar
nessa avenida esburacada?
Talvez
seja verdade que “atrás
do trio elétrico só não vai quem já morreu”,
ou
que
“a
alegria é a prova dos nove”… Mas
a
minha questão é: estamos
deveras
vivos?
Proponho
uma reflexão: se esta nossa melancolia embalada de traumas e
frustrações é de fato um componente alegórico do nosso samba,
solicito a generosidade de considerarem a possibilidade de que,
embora humanos na forma, no conteúdo não passamos de
um amontoado
de confete, serpentina e camisinha furada no meio de
uma praça
encharcada de mijo,
lama,
suor e lágrimas,
rezando
para que, algum
dia, um alien
se apresente para trocar
umas ideias.