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sábado, 6 de fevereiro de 2021

ode à tristeza

 

The Captive Slave, John Simpson, 1827




Tire seu sorriso do caminho

que quero passar com minha dor”

Nelson Cavaquinho, A Flor e o Espinho




ouça, amiga, a poesia é triste…

justifica, atenua 

legitima a dor... 

sente a causa

quem sente a tristeza do mundo


evoco Rubens Alves e sua epifania

(no conto “ensinando a tristeza”,

inspirado no Eclesiastes 7:3 e,

principalmente, pela observação

que lhe faz uma neta entendida de compaixão):

aquele alegrinho

que está o tempo todo esbanjando alegria

dizendo e querendo ouvir

coisas engraçadinhas

é um flagelo… perto deste

perdemos a liberdade de ser triste”


pois é, o alegrinho é um aleijão empático,

solidário apenas consigo mesmo...


desconhecido da compaixão,

resta a este alienado narciso

reivindicar

        atrevido e irresponsável,

que a sua alegria nos seja a prova dos nove:

        ilegítima pretensão.


é que faltou-lhe perceber que a alegria

não brota da vontade

de um movimento individual da vontade…


- a alegria, poetas

é filha dileta da dor!