durante muito tempo
cuidei apenas de mim
houve um tempo
em que cuidei da minha mãe
hoje cuido da casa, atento
ao desperdício de tempo
preciso conquistar diariamente
o direito de viver um último instante
durante muito tempo
cuidei apenas de mim
houve um tempo
em que cuidei da minha mãe
hoje cuido da casa, atento
ao desperdício de tempo
preciso conquistar diariamente
o direito de viver um último instante
acordarei amanhã
mortinho da silva…
o tio do pavê
tem mais importância
que cientista da sbpc…
não há de ser nada,
o cálculo acaba
com o malacabado
o poema
dispensa a lógica
desaprecia negociar lisonjas…
quem disse que o poema deva ser cornucópia
de falácias, sofismas, trapaças, barriga, burlas…
ou vire ruína
pela necessidade, vaidade, medo, ânsia
urgência, fome, sede, conservação
preservação, manutenção…?
que olhe apenas a natureza
o poema
sem qualquer conluio a priori
ou impostura
de métrica
de rima… para que a medida no poema?
o poema acontece
espontâneo...
o verso é que nem festa
surpresa
estrofe fortuita
ocasional afeto
simples beijo...
poema é bônus
todo o resto é engenho
gasto
a se amar por instante
na brevidade
dessa infinita
eternidade