Imagem gerada pelo Google Gemini
1.
Uma criança diante por um adulto mascarado. O adulto retira a
máscara… outra máscara se revela… outra, outra, outra... A
criança se desespera…
2.
Inocêncio não conheceu a mãe. O pai o criou com histórias
inventadas sobre o sumiço dela. Plantou na memória do filho a
imagem de uma mulher que cheirava a sangue e sêmen e a dor de um pai
tingido por uma traidora contumaz. Contou que um dia, encheu-se dela
e fugiu com o menino nos braços. Desde então o tem arrastado de
lugar em lugar, de crise em crise, de versão em versão, a construir
a história de um outro filho da mãe, o mais cruel de todos -
pistoleiro Brilhantina a os perseguir impiedosamente.
3.
O
general, que se
prepara
para assumir o poder,
antes
vai
à praça conversar com o povo. Um garoto banhava-se
na fonte. O general o repreende, tenta tirá-lo de lá, leva um
drible e cai na água… a
população gargalha. O general ordena o bombardeio da fonte e culpa
a irreponsabilidade infantil pelos desvios morais da sociedade
moderna. No dia seguinte, na abertura da Copa do Mundo, o general
(agora marechal presidente) inicia seu discurso sob estrondosa vaia
do público. Possesso,
o general se retira do estádio e ordena à Força Aérea que
bombardeie o local. O saldo é o assassinato a sangue frio de 70 mil
pessoas. Ao ser questionado pela mídia, a assessoria do general
informa, através de nota, que aquilo foi um ato de agressão
premeditado pelo vizinho Corocoxó e que a guerra está declarada
àquele
minusculo país indigena que, segundo
o serviço de inteligência do
gabinete,
é
controlado por narcotraficantes da organização criminosa Comando do
Comando.
4.
O
que aconteceu no quarto 509 do Hotel Vitória, na
madrugada
do dia
27 de novembro de 1975, na cidade de São Paulo além
da
morte do chefe da seção D do DOPS, delegado e
missionário religioso, Jonas
D’Onofrio que
ficou conhecido por ler trechos da Biblia durante as sessões de
tortura que costumava conduzir na companhia do empresário e megainvestidor Roberty
das
Palmas?
5.
Não se enganem, isto não é sobre mim, não é sobre você. É
sobre nós - o artifício que nos abriga. A morte, meus amigos, é
apenas a superfície. Por que nunca conheceremos a verdade? Porque
nunca olharemos o rosto verdadeiro da história?… Os quartos de
hotéis, os arquivos secretos, os arquivos mortos, os porões, os
crimes nunca elucidados continuam a assombrar o presente de inúmeras
crianças arrastadas em desespero através de distopias que exalam
sexo, violência e a culpa sempre projetada no outro.